No berçário, tudo começa com o primeiro olhar curioso, a primeira mão esticada, o primeiro toque incerto… e é exatamente por aí que passa o desenvolvimento de uma relação saudável com a alimentação. Ao usarmos alimentos reais nas nossas propostas sensoriais, estamos muito mais do que a brincar — estamos a educar os sentidos e a nutrir a curiosidade.

No contexto da introdução alimentar respeitosa — como acontece no Baby-Led Weaning (BLW) — compreendemos que a aceitação de novos alimentos passa por várias etapas:
tolerar ver, tocar, cheirar, levar à boca e só depois aceitar saborear e engolir. Estas fases não são apressadas; são vividas ao ritmo de cada bebé, com respeito e escuta ativa.

As atividades sensoriais com alimentos partilham exatamente desta filosofia. Quando colocamos ervilhas num tabuleiro ou usamos laranjas, abóboras ou massas coloridas nas brincadeiras, estamos a oferecer oportunidades seguras e significativas de contacto com a comida, sem pressão, sem obrigações. Um primeiro passo para criar conforto, familiaridade e, com o tempo, prazer.

Além disso, na fase oral em que os bebés se encontram, tudo é explorado com a boca. Sabemos disso e respeitamos essa necessidade natural, garantindo que os alimentos usados são seguros, comestíveis e adequados à faixa etária. Assim, asseguramos também que os primeiros “brinquedos” podem ser sabores verdadeiros, cores reais e texturas vivas — promovendo uma ligação emocional positiva com a comida.

Este tipo de exploração:

Reduz a neofobia alimentar (medo de novos alimentos);
Estimula os sentidos de forma integrada;
Promove o paladar e o reconhecimento de sabores naturais;
Fortalece a autonomia e a auto-regulação alimentar.
Brincar com alimentos é, por tudo isto, um ato educativo profundo. Porque alimentar não é só nutrir o corpo — é também cultivar o prazer, a curiosidade e o respeito pelo que a natureza nos dá. E esse caminho pode — e deve — começar… ainda antes da primeira colher.